segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

A idade onde todos são iguais

Por Clifton Morais


Depois das festividades de ano novo, familiares e amigos mais uma vez se reuniram para o inicio de mais um ano de vida.




Mas nem todos têm a mesma oportunidade de compartilhar essa data com parentes e conhecidos. Essa é a realidade de muitos que vivem na casa do idoso em Gurupi, pois a maioria segundo a própria coordenadora da casa Eurilene Alves Silva, nunca receberam visitas dos parentes, nem mesmo nas datas festivas.
É o caso de Madalena Ferreira dos Santos, que há 15 anos vive no abrigo. Sempre no seu canto separada dos outros idosos ela se alegra quando alguém começa a “puxar” aquela velha conversa, e sempre relembra os tempos no qual morava na fazenda.
“Sempre morei em fazenda, onde tinha total liberdade, mas depois que ficamos velhos a história é outra. Tenho cinco filhos, mas parece que não tenho nenhum” esclarece Dona Madalena ao lembrar-se da ausência dos parentes.
Feliz com a presença da nossa reportagem ela mostra o lugar onde passa seus dias e afirma que, o que dá forças para ela viver  o resto de seus dias é o carinho das pessoas no qual hoje ela convive. “Minha família agora são os enfermeiros, companheiros da casa e Deus que está me dando forças para suportar tudo com fé e paciência”.
Dos mais antigos aos mais novos a Casa do Idoso é abrilhantada pela união dos 24 funcionários que ajudam no trabalho e que fazem tudo com muita paciência e bondade, é caso de  Manuel Neto de Sousa de 60 anos ao dizer que apesar de ter chegado à casa a menos de um mês as pessoas são muito companheiras.
“Cuidar dessa “velharada” toda não é brincadeira, eu só tenho a agradecer essas pessoas, pois aqui não falta nada. Tenho-me alimentado na hora certa, durmo bem e principalmente estou recebendo amor” elogia Manuel.
Para os idosos o dia nasce bem cedo, às seis horas eles estão todos de pé se preparando para a primeira refeição do dia. Logo depois se reúnem no centro do pátio onde tomam um banho de sol e colocam as conversas em dia.
Nem todos têm o mesmo ritmo, é o caso da aposentada Raimunda Rodrigues, que nem sempre se junta aos outros, prefere ficar mais reservada próximo ao seu quarto. Já não escutando muito bem ela tenta lembrar-se da idade, mas sem sucesso, mas relembra emocionada dos dez filhos que ela criou e que apenas um está vivo.

“Dos dez filhos apenas um é vivo e mesmo assim quase não o vejo", diz Raimunda, que viveu toda sua juventude em Porangatu interior de Goiás.
Ao todo são 23 idosos, sendo 10 mulheres e 13 homens com histórias bem distintas, mas que agora vivem uma só realidade, onde não existe rico nem pobre, nem preferências e gostos. O que diferencia um do outro são apenas os tristes e alegres relatos de suas vidas, que em boa parte são lembradas pelo abandono dos parentes, mas que são supridas pelo carinho e amor da Casa do Idoso de Gurupi.

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