Opinião
Por João Gomes da Silva
Viver num país que se diz democrático e ver
excluídos desse processo, a maior parte da sociedade, é extremamente antagônica.
A democracia na sua essência não exclui nem desagrega. Sua visão deve ser coletiva
objetivando sempre o bem comum e desarraigando qualquer tendência à
discriminação social por menor que seja.
O Brasil tem na sua história manchas profundas de
injustiças de todos os tipos e níveis, que tiveram inicio com a colonização
portuguesa, passando pelos patronos da escravatura e chega aos porões da ditadura militar que não
menos perversa, manchou de sangue a nossa história e atinge a sociedade moderna
com as mazelas do sistema econômico capitalista, igualmente perverso, só
que com uma nova roupagem.
Não temos aqui a pretensão de negar alguns avanços
sociais alcançados, mas sentimos que estamos longe dos objetivos desejados. Por
isso precisamos avançar rumo às novas conquistas porque nunca haverá justiça
social em sua plenitude enquanto os homens tiverem alojado em seus espíritos a
ganância pelo acúmulo de bens. O caminho da desigualdade e exclusão social tem
origem nisso, e dificilmente o capitalismo fará justiça social, a não ser, que
trilhe o caminho do crescimento com participação compartilhada.
A manifestação inicial do capitalismo aparentava
produzir espaços, acelerar economias e dar oportunidades de crescimento para
todos, mas na sua prática revelou o maior engano econômico que a classe
trabalhadora já presenciou. E isso se tornou evidente pela concentração de
riquezas nas mãos de poucos, onde se constata o distanciamento da classe
operária do núcleo social rico, que na sua explosão expansionista a empurrou
violentamente para a periferia em seu sentido amplo.
Mas tal atitude tem um alto custo. Os
marginalizados, em sua grande maioria, se transformam em feras, não por querer,
mas para sobreviver em meio à hostilidade. A fome, a nudez, as doenças e outras
mazelas, fruto da ausência do Estado, os embrutecem, induzindo-os à violência
que em muitos casos se torna o instrumento de aquisição daquilo que julgam
necessário para suprimento de suas necessidades. Entretanto, usam a violência
física porque é a arma que encontram com mais facilidade para acalmar o sentimento de revolta. E o fazem de forma
covarde e cruel porque já perderam a razão dos seus atos.
A sociedade rica que os gerou também foi violenta
quando os excluiu, sendo diferente apenas no modelo de violentá-los. É cruel
subjugar uma pessoa a partir de suas necessidades essenciais e isso, o
capitalismo econômico sabe fazer muito bem.
É preciso que cultivemos sempre e cada vez mais a
cultura da não violência, para que o Brasil se transforme num país onde reine em
sua plenitude, a solidariedade, a
fraternidade e o respeito mútuo. Uma aurora de esperanças paira sobre todos nós
e, apesar dos pesares, ainda tenho fé de que dias melhores virão.
João
Gomes da Silva é escritor, teólogo e acadêmico do curso de Serviço Social. E-mail:
revjoaogomes@gmail.com


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