sábado, 22 de janeiro de 2011

Carta de uma mãe portuguesa ao seu filho:

HUMOR      


Querido Filho,

Te escrevo estas linhas para que saibas que estou viva. Te escrevo devagar porque sei que tu não consegues ler rápido. Bom, não vais mais reconhecer a casa quando vieres, porque a gente mudou.

Finalmente enterramos teu avô. Encontramos o cadáver com esse negócio da mudança; estava no armário desde aquele dia em que ganhou da gente brincando de esconde- esconde. Hoje tua irmã Julia teve um filho, mas como ainda não sei se é menino ou menina, não posso dizer se você é tio ou tia.

Quem não tem aparecido por aqui é o tio Venâncio, que morreu totalmente no ano passado. Ele e teu primo Jacinto, que sempre acreditaram ser mais rápido que um touro, comprovaram que não eram.

Estou preocupada com o cachorro Boby, que insiste em perseguir os carros parados e está ficando cada vez mais chato. Ah! Finalmente os engarrafadores de refresco tiveram a grande idéia de por um letreiro na tampinha que diz: "Abra por aqui".

Que achas? Teu irmão José fechou o carro com a trava e deixou as chaves dentro; teve que ir lá em casa para pegar a chave duplicada e poder tirar todos nós de dentro do carro.

Esta carta te mando com Manolo, que vai amanhã para ai, a propósito, será que podes pegá-lo no aeroporto? Bom meu filho, não escrevo o endereço porque não o sei. É que a última família portuguesa que vivia aqui nesta casa levou os números para não terem que mudar de endereço.

Se encontrares a Dona Maria dá um alô da minha parte; caso não a encontres, não precisas dizer nada.

Tua mãe que te ama:

P.S. Ia te mandar algum dinheiro, mas já fechei o envelope.